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domingo, 26 de agosto de 2012

Quando a lembrança fica..


Nunca gostei de festas de aniversário, essa coisa de ser o centro das atenções, pedir obrigada pelas felicitações e receber sem graça todos os presentes, nunca foi a minha.
Mas aquela noite foi diferente.
A festa estava animada, todos dançavam e bebiam, e eu já tinha recebido todos os presentes da noite.
Ou melhor, quase todos.
Foi quando ele apareceu em minha frente, sorriso tímido e um olhar apressado. Percorreu todo o meu corpo em milésimos. Nosso abraço demorou anos em minha cabeça, mas foram apenas segundos...

- Trouxe isso aqui para te dar.
Agarrei como quem agarra uma boia em alto mar o presente que ele estendeu até minhas mãos.
- Achei que tivesse esquecido. Eu disse.
- Não, eu não esqueceria.
- Deixa eu ver o que é. 
- Não! Não abra agora, abra depois. Depois que eu for.
- Nossa, que suspense! Está bem então.
(Suspirei atônita)
- Bom, agora tenho que ir.
- Ué, já? Fica mais um pouco.
- Não posso.
- É uma pena que não possa ficar, mas para onde vai agora?
- É uma pena eu não poder te contar. Mas foi bom vir, precisava te ver. 

Mas tenho que ir agora, e talvez eu não volte mais.
- Não o verei novamente, é isso?
(silêncio)

E ficamos ali, por logos minutos nos olhando até ele partir sem olhar para traz.
Como a festa estava no fim, alguns convidados já nem percebiam minha presença ali. Me despedi de alguns e subi apressada até o quarto para abrir o único presente que me interessava.

''Para cada vez que usá-lo, lembrar-se de mim''

Era o que estava escrito no bilhete que acompanhava o perfume.
Não entendi bem o que ele disse antes de partir, mas algo me dizia que não o veria mais.
Não consegui conter minhas lágrimas, afinal ele foi o único de qual sempre gostei, embora nunca tenha contado.
Ao sentir a fragrância, pensamentos idílicos tomaram conta de mim.
E foi assim durante noites e mais noites. Nunca mais tive noticias dele, nunca mais uma ligação, uma carta. Nada.
Mas eu podia senti-lo, pois a cada gota que usava, dele eu lembrava.
Era como se ele invadisse o meu quarto, o meu pensamento, o meu corpo, a minha alma.
E aquele perfume duraria anos até eu entender por qual motivo ele se foi, por qual motivo não me deixou ir junto.



Selva Porto

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Um tanto cálido [2]




Na cama, você e eu.
Meu compromisso contigo é que nunca esqueça essa noite. 

Minhas pernas em sua cintura, cabelo no rosto, respirações ofegantes.
Hoje nós podemos tudo, vou te dizer tudo o que eu sempre quis fazer e vou te fazer responder
 “que também quer“, 

com todo o carinho do mundo e com cara de safados, soriremos um pro outro.
Na cama, você e eu.
Vou te roubar beijos essa noite, entraremos em uma sintonia cósmica com os mesmos movimentos, ficaremos desnorteados de tanto prazer, sua mão em minha nuca, darei mordidinhas de leve e um “sussurro” bem gostoso pertinho do seu ouvido, daquele jeitinho que só eu sei fazer.
Na cama, você e eu.
Dos meus braços você não sairá, até arriscarei dizer que daqui você também não quer sair, ficarei com um sorriso bobo no rosto, convencida de que pelo menos por uma noite, consegui fazê-lo feliz. 

Na cama, você e eu.
Transformados em um corpo só.

Selva Porto

Simples.



''Quando pensar em você é quase que inevitável''




Selva Porto


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Quando se quer esquecer..




Macumba, bruxaria, feitiço, simpatia...
Fiz tudo isso pra te esquecer.
Tentei encher a cara, mas logo a onda passa e fica mais difícil a situação.

 (...) Por fim, acabei dormindo contigo em meus pensamentos, e o copo de vinho na mão.


Selva Porto

                                                  


domingo, 8 de julho de 2012

Perdendo o sono..


Acordei meio azoada, ainda sentindo vestígios de álcool no sangue.
Passei a mão pelos cabelos ainda molhados, pelo banho forçado por mim mesma ao chegar em casa.
Nem me dei ao trabalho de colocar uma roupa para dormir, encontrei-me nua, fria. Levantei, ainda era madrugada e a rua estava vazia, apenas gatunos perambulavam pelo escuro.
A água que bebi desceu tão ligeira em minha garganta, a sensação foí de achar um oásis no meio do deserto. No meu deserto. Deserto sem você, de você. Pensei.
Milhões de coisas passaram ao mesmo tempo em minha cabeça, e no meio de tudo, como se não bastasse a dor de cabeça infernal, você apareceu em meus pensamentos quase que despercebido(eu disse quase).
Dei-me conta de que segurava o copo vazio, e que recebia o ar gelado da geladeira que estava escancarada. Voltei para a cama, que estava tão gelada quanto um dia de inverno sem meias ou chocolate quente.
Tentei dormir, mas foi em vão. Tinha esquecido o quanto você me tirava o sono, o quanto você me despertava.
Olhei pela janela, os postes que outrora estava acesos, calaram-se na noite.
Amanhecia lentamente, outro dia começaria. Menos pra mim que fitava a janela com um gosto amargo na boca, você em meus pensamentos e a vontade feito um veneno de te procurar mais uma vez.
Acabei discando teu número, jamais esquecerei a sequencia ilógica, mas preferia ter digitado errado ou que desse caixa postal, desligado. Que seja!
Antes mesmo de ouvir tua voz dizendo 'alô', eu desliguei, perdi a coragem, o fôlego, me resgatei.
Você retornou, eu não atendi.
E como outras tentas vezes, jamais saberá o que eu tinha pra dizer, nem que perdi o sono só por pensar em ti.
Quanto a mim, jamais saberei o que me diria ao ouvir minha voz dizendo alô desse outro lado da linha.


Selva Porto

sábado, 12 de novembro de 2011

Descontrolou-se, descontrolei-me.





 A verdade é que você fugiu do meu controle.
Estou descontrolada de você.



Selva Porto

sábado, 15 de outubro de 2011

Quando a vontade de acordar não existe..



Nem sempre eu sou, nem sempre eu vivo,
nem sempre eu estou.

Ás vezes eu morro um pouquinho, não acordo. Agora mesmo por exemplo, estou escrevendo de dentro, do fundo, do túmulo.


Selva Porto

sábado, 8 de outubro de 2011

Olhe bem,

Acho que você virou um tipo de gripe, um vírus mutante.
Daqueles que chegam, nos atormentam o juízo, nos amolecem, e depois somem.
Desaparecem, assim como fizeram questão de aparecer.
Acho incrível como tem esse poder, como consegue me tirar do meu normal,
digamos que só você me faz descer do salto, rodar a baiana, chutar o pau da barraca, entende?
Dai você vira e vai embora, e eu fico aqui remoendo minhas dores, roendo as unhas de tanto ódio.
Ódio de quê? Ora, da vontade louca que tenho de ir atrás, de correr, de chamar, de ligar.
Existe coisa pior que guardar palavras, desejos e beijos?
Eu pratico todas as noites minhas frases feitas, bonitas e cheias de ironias pra despejar em você.
Não sabe como me contorço pra dizer-te tudo, todas.
Mas dai você me beija, passa a mão em meu pescoço, como se estivesse pronto pra sugar todo o meu sangue, toda a minha raiva, toda a minha força.
E eu, eu fico. Esqueço, me esqueço no final.
As frases, que frases? Ah, as frases...sim as frases!
As esqueço, as perco, as perco de mim.
E dai você vira e vai embora, como eu te odeio, como eu odeio quando vai.
Eu amo te odiar, mas odeio ainda mais te amar.
O pior de tudo é a vontade absurda de digitar minha saudade pra você.
Sim, meu celular é testemunha das várias mensagens que não tive coragem de mandar, ou que mandei e não tive tempo de cancelar.
Eu queria cancelar você. Cancelar, é isso. Cancelar você, como se cancela um encontro, uma festa, um arquivo.
Tem como cancelar um amor?
(como eu queria c-a-n-c-e-l-a-r-v-o-c-ê-d-e-m-i-m)
Desejaria muito acordar e não lembrar de você.
Queria esquecer-te por alguns dias, esquecer-te por alguns anos.
Eu até queria que nunca tivesse existido em mim.
No fundo, eu queria que nunca tivesse existido.

(...) Existido entre nós.
Entre nós o fim.




[Peço desculpas pelo texto, na verdade acabei de 'senti-lo', 
mas acho que não ficou nada bom. 
Esse meu Eu-lírico sempre me pega de surpresa]



Selva Porto