O gosto amargo do café no dia seguinte desce sem pausas, ligeiro em minha boca.
Sinto em minhas entranhas a saudade da tua risada, do teu cheiro, do teu cabelo.
É estranho porque a saudade não cessa, nem dorme, nunca sossega.
Eu olho pela janela e lá está você me olhando de volta, rindo e com aquele olhar como o que fez da ultima vez.
Última vez. Palavra que dói. Não a vez, mas a última.
Acontece que ficou tanto de você em mim, que vejo seu reflexo em todos os lugares da casa.
E no fundo isso me conforta. Não o reflexo, mas te ver.
Seguir sem saber se irei te encontrar na próxima esquina, ou se telefonará no final de semana, me deixa demasiado louco.
É triste não encontrar você. Não me encontrar em você. Não estar em você, entende?
Não, não entende. Não entenderia, e nem tente.
E todos os dias eu bebo. Acordo e tomo o café amargo. Vou até a janela, te vejo por reflexos e espero o telefone mudo tocar.
E todos os dias eu morro. Mas continuo vivendo.
Todos os dias.
Selva Porto
[Texto antigo e repostado]
"Acordo e tomo o café amargo.. Todos os dias."
ResponderExcluirIncrível! :*
O gosto amargo do café no dia seguinte desce sem pausas, ligeiro em minha boca.
ResponderExcluirsinto tua sensação todas as manhãs . :X
A saudade tem uma ligeira teimosia, de não cessar nunca. De deixar, esse gosto amargo. Gostei muito do texto, parabéns.
ResponderExcluirQue lindo Selva, Parabéns !
ResponderExcluirObrigada amores!!
ResponderExcluirObrigada mesmo *-*
Ah, seu Victor rs :$